sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Lencinho - actividade desportiva 5

Quem ontem ao fim da tarde atravessasse a ponte pedonal que une o parque verde à sua contrapartida fluvial, muito dinamizada pelo actual presidente da câmara, veria Coimbra de um dos seus melhores ângulos, brindado por um belo jogo de luz e cores. Veria também sete adultos feitos a jogar ao lencinho. Esta estranha congregação era não mais nem menos que o 5º encontro das jornadas semanais desportivas do IBILI. Quis o destino que o vosso repórter entrasse no cenário já a meio, quando todos os intervenientes se encontravam já no pico de rendimento. Ainda assim bem a tempo do enriquecimento cultural que se proporcionou.

O jogo é simples

O jogador que se encontra mais cansado segura o lenço e comanda as hostes. As equipas perfilam-se à sua esquerda e direita, equidistantes, e preparadas para a acção. Cada ‘trial’ começa com a afectação secreta de números aos elementos das equipas, baixinho, e com os elementos curvados em concha. Desdobra-se então a formação e voltam aos postos.

Depois do ‘setup’ dos parâmetros iniciais o comandante do jogo lança o ‘trigger’ para que o evento avance. Afinal de contas isto é neurociência.

O ‘trigger’ consiste na invocação de um número e de um estilo com que os jogadores se devem aproximar da área lencistica. Os principais estilos abordados resumem-se na enumeração seguinte:

* sem estilo definido – o jogador correspondente ao número (e a Filipa) berra e corre como se não houvesse amanhã

* fogo – todos os jogadores berram e correm como se não houvesse amanhã

* água (ou ‘chuva’, na versão Seixo)– toda a gente ameaça mas ninguém se mexe

* pé coxinho (ou ‘ambulância!!’ na versão Seixo) - o jogador correspondente ao número inicia rapidamente o percurso apenas com um pé no chão

* caranguejo ou costas - o jogador correspondente ao número tem que fazer o percurso em inversão de marcha, enquanto fita os colegas de equipa que o apoiam

* canguru – o jogador correspondente ao número encarna um marsupial e saltarila em frente de pés juntos

* tesouras – o jogador correspondente ao número vai saltando abrindo e fechando as pernas numa coreografia que junta o humano, o ar e relva em plena harmonia

* rancho – o jogador correspondente ao número faz um ar baralhado e depois puxa da costela tradicional para sequenciar alguns espasmos semelhantes a uma dança

Feita a aproximação dos jogadores ao lenço, há um momento de tensão. Quem agarrar o lenço e retornar ao seu bom porto sem ser tocado leva 1 ponto (alguém contou?), quem penetrar nas defesas adversárias é premiado com 2. Está muito em jogo... Os jogadores olham-se, estudam-se, ameaçam-se e protegem-se tudo com o olhar, intimidando o adversário com o seu haka visual. De repente ZUCA, o lenço foi-se do seu repouso e então todas as regras são esquecidas, vale tudo, o coração palpita, a adrenalina sobe, os membros esticam-se no intuito de pontuar ou evitar os pontos até que a caça ou o caçador ganhem.

Ou então alguém cai.

De qualquer das maneiras é entretido. Foi neste espírito mas com muitos muitos risos, sorrisos e boa disposição (lesão do dia – bochecha dormente) que se praticou uma hora deste violento desporto que vitaliza corpo e mente como os batidos dos vegetarianos. Reviver a infância não é difícil. Difícil é fazê-lo e parecer minimamente são. Todos os intervenientes o conseguiram, fazendo do evento um êxito e levantando a fasquia para o 6º encontro e deixando-nos a contar os minutos até lá

Alguns traços individuais:

Filipa – A voz do jogo. Os chamamentos levados a cabo durante o jogo tornaram-no popular até à conchada e iniciaram rituais de acasalamento em algumas aves que sobrevoavam o local. Muita jinga e muita joga.

Castelhano – O motor do jogo. Muito bom em todos os estilos incluindo bruços e mariposa, foi um operário do meio-campo e astuto dinamizador

Lori – O poder de acreditar. Entrega ao máximo a provar que o esforço compensa

Inês B – O camaleão do jogo. O seu disfarce de jovem feminina de fácil trato esconde bem o predador que lhe fervilha no sangue e capaz dos mais ferozes golpes nos adversários

Ana – A alegria do jogo. Sempre com um sorriso e um incentivo e uma interpretação muito particular do estilo ‘rancho’

Andreia – O cérebro do jogo (com alguma ranhoca). Astuta, organizadora, capaz de executar e liderar, factor de união e de força

Enfim, UM SUCESSO!

José Rebola

3 comentários:

Castelhano disse...

Boa introdução Rebola!
Gosto do Estilo. Tive de corrigir o número da actividade (na verdade ja vamos na 5ª edição e não na 4ª como referias)
Lembro ainda que o Joao dos caracois Duarte tb lá andou e que não fizes-te nenhum apontamento indivual ao moço! Estou certo que tens uma razão válida para tal facto! :P

Filipa Júlio disse...

"contrapartida fluvial"
"área lencistica"
"saltarila em frente"
"penetrar nas defesas adversárias"
"o lenço foi-se do seu repouso"
"Muita jinga e muita joga"
"Lori – O poder de acreditar"

Estou sem palavras...
Queres ser o meu fazedor de slogans e de frases bombásticas quando eu me candidatar à câmara de Coimbra?

Tua, de todo o coração e com os trinados dos passarinhos da Conchada (bom nome para associação recreativa) em pano de fundo,
A voz

Post Scriptum - Faltam as fotografias, João Castelhano.
E ai de ti se pões aquela!

Inês B. disse...

Bem dizem e é verdade...tudo o que se faz esperar tem um gosto especial!!! Muito bom o comentário jornalístico...e muito bons os momentos de grande risota vividos ontem ao final da tarde (estas sessões de actividade física estão a ter o seu efeito...de facto os meus músculos da cara estão bastante mais tonificados!!!)

Inês B.